Todo Bancário Está Propenso À Síndrome De Burnout: Um Alerta Para A Categoria!

Introdução

 

A Síndrome de Burnout, caracterizada pela exaustão extrema relacionada ao trabalho, é uma das doenças ocupacionais mais discutidas atualmente.

 

Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno associado ao trabalho, o Burnout tem afetado um número crescente de trabalhadores em diferentes setores.

 

No entanto, o setor bancário se destaca como um dos mais vulneráveis.

 

A rotina intensa, a pressão por metas e o contato direto com o público tornam todos os bancários propensos a desenvolver essa condição.

 

Este artigo se propõe a aprofundar as razões que tornam a categoria bancária especialmente suscetível ao Burnout, abordando os aspectos profissionais, legais e de saúde envolvidos.

 

 

A Síndrome de Burnout: Definição e Sintomas: 

 

A Síndrome de Burnout é definida como um estado de esgotamento físico e emocional causado pelo excesso de estresse no ambiente de trabalho. Seus principais sintomas incluem:

 

1.      Exaustão emocional: cansaço extremo e sensação de incapacidade para lidar com as demandas diárias.

2.      Despersonalização: atitudes de frieza ou indiferença em relação ao trabalho e às pessoas, incluindo colegas e clientes.

3.      Redução da realização pessoal: sensação de inutilidade ou fracasso no desempenho profissional.

 

Esses sintomas, se não tratados, podem levar a sérios problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e transtornos do sono, além de problemas físicos, como hipertensão e dores crônicas.

 

 

O Ambiente Bancário: Um Campo Propício ao Burnout:

 

O setor bancário reúne uma série de características que, em conjunto, criam um ambiente altamente propício ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout.

 

1. Pressão por Metas Excessivas: Os bancários convivem diariamente com cobranças por resultados muitas vezes irreais. A imposição de metas agressivas e a vinculação dessas metas a remunerações variáveis criam um clima de constante tensão e insegurança.

 

2. Sobrecarga de Trabalho: Com o avanço da tecnologia e a redução no quadro de funcionários, os bancários passaram a acumular funções. Além das atividades administrativas, precisam atender clientes, vender produtos financeiros e solucionar problemas, frequentemente sem o suporte adequado.

 

3. Conflito com Clientes: O contato direto com o público, em situações de insatisfação ou conflito, é uma constante no setor. Cobranças de juros, inadimplências e negociações de dívidas colocam os bancários em situações estressantes, que muitas vezes geram atritos.

 

4. Ambiente de Trabalho Tóxico: A competitividade interna, associada à falta de reconhecimento e suporte, intensifica a sensação de isolamento e desvalorização. Muitos bancários relatam falta de apoio de superiores e pouca valorização dos esforços feitos no dia a dia.

 

5. Impacto das Transformações no Setor: A digitalização bancária, embora tenha modernizado o setor, trouxe novos desafios. Os bancários precisam se adaptar rapidamente a mudanças tecnológicas e, ao mesmo tempo, enfrentar o aumento das demandas dos clientes por soluções imediatas e personalizadas.

 

 

Aspectos Legais: Direitos e Proteções: 

 

Os bancários que enfrentam a Síndrome de Burnout têm à disposição uma série de proteções legais que podem ser acionadas: 

 

1. Reconhecimento como Doença Ocupacional: 

 

Quando o Burnout é diagnosticado e relacionado ao trabalho, ele pode ser reconhecido como doença ocupacional, conforme o artigo 20 da Lei nº 8.213/1991.

 

Esse reconhecimento garante ao trabalhador direitos previdenciários, como o auxílio-doença acidentário.

 

2. Estabilidade no Emprego: 

 

Se o afastamento for caracterizado como decorrente de doença ocupacional, o bancário tem direito a estabilidade de 12 meses após o retorno ao trabalho, conforme o artigo 118 da mesma lei.

 

3. Dever do Empregador: 

 

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece, em seu artigo 157, que as empresas têm o dever de proporcionar um ambiente de trabalho saudável, prevenindo riscos à saúde física e mental dos trabalhadores.

 

4. Norma Regulamentadora nº 17 (Ergonomia): 

 

A NR-17 prevê a adoção de medidas para garantir condições adequadas de trabalho, incluindo o respeito aos limites físicos e psicológicos dos empregados.

 

 

Consequências do Burnout para o Bancário:

 

O desenvolvimento da Síndrome de Burnout pode gerar consequências graves tanto para o trabalhador quanto para a organização. Entre os impactos na saúde do bancário, destacam-se:

 

  • Problemas físicos: dores musculares, hipertensão, queda na imunidade e alterações gastrointestinais.
  • Doenças psicológicas: depressão, ansiedade, síndrome do pânico e insônia.
  • Impacto na carreira: afastamentos frequentes, dificuldades de reintegração e até mesmo abandono da profissão.
 

Para o banco, os efeitos incluem aumento do absenteísmo, queda na produtividade e maior rotatividade de funcionários.

 

 

Como Prevenir o Burnout no Setor Bancário?

 

Prevenir o Burnout exige um esforço conjunto entre empresas, sindicatos e trabalhadores. Algumas ações fundamentais incluem:

 

1. Redução da Pressão por Metas: Estabelecer metas realistas, compatíveis com as condições de trabalho, é essencial para reduzir o estresse.

 

2. Promoção da Saúde Mental: Oferecer acesso a psicólogos, programas de suporte emocional e ações preventivas voltadas à saúde mental.

 

3. Valorização do Trabalhador: Reconhecer o esforço dos bancários por meio de políticas de incentivo, promoções e feedbacks positivos.

 

4.      Treinamento de Gestores: Capacitar lideranças para identificar sinais de Burnout e adotar práticas que promovam o bem-estar no ambiente de trabalho.

 

 

Conclusão: 

 

A Síndrome de Burnout é uma realidade que afeta de forma contundente a categoria bancária.

 

Reconhecer que todo bancário está exposto a essa condição é o primeiro passo para enfrentá-la.

 

Além de buscar apoio médico e psicológico, é fundamental que a categoria se mobilize para exigir condições de trabalho mais humanas e equilibradas.

 

O Burnout não é uma fraqueza individual, mas uma consequência direta de ambientes de trabalho mal estruturados.

 

Proteger a saúde dos bancários é um compromisso que deve ser assumido por empresas, sindicatos e pela própria sociedade, visando um setor financeiro mais saudável e eficiente.

 

 

Dr. Valdenir Vanderlei

OAB/RJ 141.527

Entre em contato com nosso escritório

Gostou do artigo? Veja mais artigos em nossa galeria

Compartilhe

Posts Relacionados

VOLTA REDONDA

Rua Vereador Luiz da Fonseca Guimarães, 181, Aterrado, Volta Redonda

Tel.: (24) 3342-3797 / (24) 98819-1773

ANGRA DOS REIS

Rua da Paz, 72, Jacuecanga, Angra dos Reis

Tel.: (24) 3361-2826 / (24) 99908-6198

© 2023 Oliveira E Rondelli Advogados Associados. Todos Os Direitos Reservados.

plugins premium WordPress